Via Crucis – Útimas estações

Contexto

Nos últimos posts sobre a Via Crucis conhecemos a dolorosa caminhada de Jesus desde sua captura no Jardim das Oliveiras, o Getsemani, até o momento que Verônica o encontra e enxuga o seu rosto. As próximas estações da Via Dolorosa se concentram em torno de um dos dois antigos Cardos da cidade, local de maior concentração de comércio e também de pessoas, o que indica que os romanos não queriam esconder o que estavam fazendo de ninguém, pelo contrário.

De Jerusalém à Europa, replicaram a Via Crucis em diversos locais e os seus principais propagadores foram os franciscanos, que esculpiam imagens das estações da Via Dolorosa em suas capelas desde o julgamento de Pilatos até o monte Calvário, onde fica o Santo Sepulcro.

7ª Estação – Jesus cai pela segunda vez.

Durante o caminho que Jesus percorreu carregando a cruz, caiu três vezes ao solo. A 1ª queda ocorreu na 3ª estação e a 2ª queda ocorreu na 7ª estação. Em algumas estações existem capelas e igrejas onde os fiéis param para orar e relembrar esses momentos, é o caso da 7ª estação.

O corpo de Jesus cede novamente pela fraqueza carnal, entre os gritos da multidão e o manejo rude dos soldados. A enfermidade do corpo e a amargura da alma fizeram com que Jesus caísse novamente. Todos os pecados dos homens pesam sobre a sua Sagrada Humanidade.

“Ele carregou nossas enfermidades e carregou nossas tristezas, e nós o tomamos por leproso, atingido por Deus e afligido. Mas ele foi ferido pelas nossas iniqüidades e moído pelos nossos pecados. Sobre ele caiu o castigo que nos trouxe a salvação, e pelas suas feridas fomos curados” (Is 53:4-5).

Jesus tropeça, mas a sua queda nos levanta, a sua morte nos traz de volta à vida. À nossa queda repetidas vezes no mal, Jesus responde com a sua determinação de redimir o pecado humano, com abundância de perdão. E, para que ninguém se desespere, novamente se levanta, cansado, abraçando a cruz.

8ª Estação – Jesus encontra as mulheres de Jerusalém.

A 8ª estação marca o encontro entre as pessoas que observam Jesus passar, em especial, muitas mulheres que vêm ao seu encontro, não conseguem conter a compaixão e começam a chorar.

Jesus permite o seu choro para um bom motivo e convida-as a chorar pelos pecados, que são a causa da Paixão: “Filhas de Jerusalém, não choreis por mim, mas chorai por vós mesmas e por vossos filhos… Pois se fazem estas coisas ao bosque verde, o que será feito ao seco?” (Lucas 23:28,31).

9ª Estação – Jesus cai pela terceira vez.

A nona estação fica localizada ao lado da igreja ortodoxa copta num local acima do solo da cidade, um fenômeno arqueológico muito característico da cidade velha de Jerusalém. Isto ocorre da nona até a décima quarta estação da Via Crucis, pois conquistaram, destruíram e reconstruíram Jerusalém diversas vezes. Logo, muitos locais se encontram debaixo dos escombros de camadas de cidades que servem de base para a atual Jerusalém. É o momento em que arqueologia, história e teologia se juntam para montar o quebra-cabeças e desvendar o local exato/mais aproximado de onde se encontram os ocorridos antigos.

Pois bem, aqui Jesus cai pela terceira vez, na encosta que conduz ao seu Calvário, o Santo Sepulcro. Jesus não consegue mais ficar de pé, não tem mais forças e ele cai no chão em total exaustão e dali por conta própria não levanta mais.

“Ele se ofereceu porque era sua vontade; abusado e maltratado, ele não abriu a boca, como uma ovelha levada ao matadouro, muda como um cordeiro diante de seus tosquiadores” (Is 53:7).

10ª Estação – Despem Jesus de suas vestes.

Quando Jesus chega ao calvário, lhe dão um pouco de vinho misturado com fel para diminuir a dor da crucificação. Mas Jesus, depois de prová-lo para mostrar a sua gratidão por esse serviço gentil, não quis beber. Ele se entrega à morte com a plena liberdade do amor.

[Os soldados] crucificaram-No e repartiram entre si as suas vestes, tirando-as à sorte, para ver o que cabia a cada um. (…) Assim se cumpriu a Escritura, que diz: Repartiram entre si as minhas vestes e sobre a minha túnica lançaram sortes (Mc 15, 24; Jo 19, 24).

Últimas estações da Via Crucis…

Estas estações já se encontram dentro da área do complexo de capelas e igrejas do Santo Sepulcro que você pode conhecer sua riqueza de detalhes num outro artigo do Israel em Casa (veja abaixo nos sites recomendados o “As Capelas do Santo Sepulcro”).

Estes 3 pontos da Via Crucis se encontram no entorno da Capela do Calvário que fica dentro do Santo Sepulcro, porém assim como na 10ª estação, os visitantes deste local sagrado estão acima de onde de fato Jesus foi pregado na cruz, morto e descido da cruz.

11ª – Pregam Jesus na cruz;

Na parte superior da Cruz está escrito o motivo da sentença: Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus (João 19:19). E todos os que passam insultam-no e zombam dele. Ao seu lado, dos dois ladrões crucificados, um deles pede pra que Jesus lembre dele quanto estiverem no paraíso.

12ª – Jesus morre na cruz ;

Está feito. Um dos eventos, senão o evento mais importante de sua passagem pela terra está concretizado, a Paixão de Cristo. Descreveram a crucificação de Jesus nos quatro evangelhos canônicos. Outras fontes antigas também atestam sua veracidade como um evento histórico confirmado por fontes, inclusive não cristãs. Sua morte via crucificação e o seu nascimento são os eventos aos quais não há divergência alguma quanto a sua veracidade, entre todas as linhas de historiadores, teólogos, arqueólogos, etc.

13ª – Descem Jesus da cruz;

Maria está junto à cruz, envolvida pela dor, e João está ao seu lado. Mas já é tarde, os pressionam para que Jesus seja logo retirado dali. Tendo obtido de Pilatos a permissão exigida para o sepultamento dos prisioneiros condenados, chega ao Calvário um conselheiro chamado José.

“Ele não consentiu com seus conselhos e ações, mas é ele mesmo um daqueles que esperam pelo reino de Deus” (Lucas 23:50-51).

Vem também Nicodemos, esses homens não eram conhecidos publicamente como discípulos. Eles não estiveram presentes nos grandes milagres, nem o acompanharam na sua entrada triunfal em Jerusalém. Mas agora, quando as coisas pioraram, quando outros fugiram, eles não tiveram medo de estar ao lado de Jesus.

14ª – Sepultamento.

A estação que dá nome ao local mais sagrado para os cristãos em todo o mundo, o Santo Sepulcro. Embora haja divergência, em especial por parte de linhas protestantes que acreditam que enterraram Jesus fora da cidade já que ele era judeu e este é um hábito judaico muito comum. Porém para a maioria dos cristãos, o enterraram como criminoso, sem respeitar tal costume, para além de que as evidências arqueológicas da época são suficientemente verídicas.

Para os Ortodoxos por exemplo, o local é o centro do mundo. O local foi encarado pela primeira vez como o local do sepulcro pelos bizantinos que tem ligação íntima com os ortodoxos cristãos de hoje. Inclusive a rainha Helena, mãe do Imperador Constantino, o Grande, foi quem o construiu. Quando o local foi identificado, foi encontrada uma cruz da idade certa para o período e a pedra Golgotá assim como as marcas de deslizamento então provocadas por Jesus quando ele rescucitou e saiu da cova.

Aqui milhares de fiéis peregrinam todos os anos em busca de saúde e gratidão a Jesus, sendo esta a estação final da Via Crucis clássica descrita e demarcada pelos franciscanos.

Estação Bônus – 15ª Estação.

O Papa João Paulo II sugeriu a criação de uma estação na Via Crucis para recordar a ressurreição de Jesus. Embora esta seja opcional e não entre na estrutura tradicional, construíram a 15ª estação em Fátima, no lugar dos Valinhos, próximo do local de uma das aparições de Nossa Senhora e do local das aparições do Anjo da Paz, de acordo com a sugestão do Papa.

 

Fim do passeio!

 

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