Os primeiros registros de vinho em Israel são mais antigos do que se pensa. A mais antiga descoberta arqueológica da viticultura em Israel é datada de 7200 a.C. em Jericó. Também foram encontradas prensas que eram utilizadas para produção de vinho (lagares) na Baixa e Ocidental Galileia (anos 2500 – 3000 a.C.). Dizem que os cananeus – como eram chamados os habitantes de Canaã (terra que correspondia à área que inclui partes do que é hoje Israel, Palestina, Líbano, Síria e Jordânia) – foram os primeiros a desenvolver o conceito de Terroir, palavra muito utilizada por “entendendores” de vinho.

Terroir (palavra em francês que se pronuncia “terroár” em português) é a terra que se considera própria para agricultura, e, mais especificamente, à viticultura. De forma mais geral, quando falamos em terroir, estamos considerando todas as condições que possuem influência na cultura de vinhas: clima, solo, geografia, condição geológica etc.).

Ao longo dos anos, as áreas de viticultura, a diversidade de formas de produção de vinho e toda a complexidade envolvida nesse processo aumentou, o que fez com que a produção de vinho também aumentasse e, por consequência, sua exportação. À medida em que o vinho evoluía, sua exportação também aumentava, principalmente para países ao redor do Mar Mediterrâneo, atingindo seu ápice nos séculos 6 e 7 d.C.

Depois do século 7, a produção e a exportação de vinho entra em declínio. Durante o período das Cruzadas (séculos 12 e 13), há uma pequena retomada, mas depois cai novamente em esquecimento. Algumas produções pequenas ainda eram feitas para fins de rituais religiosos entre judeus e cristãos. A produção de vinho foi revitalizada no século 19, como resultado das concessões do Império Otomano – entre 1848 e 1850, quando 4 vinícolas são estabelecidas na região de Jerusalém.

A viticultura neste momento evolui seguindo o estilo europeu até o início da primeira comunidade agrícola judaica de 1882 (estabelecida após a primeira imigração – aliá – dos judeus da Europa Oriental e do Iêmen). A partir de então começa o que se chama a Revolução Moderna do Vinho.

Como falamos no texto anterior, o início do estabelecimento da indústria do vinho em Israel começa no século 19 quando o Barão Edmond de Rothschild, famoso filantropo, reconhece o potencial para a indústria vitivinífera em Israel e decide investir, estabelecendo a Carmel Winery em Rishon Lezion e Zichron Yaacov. Porém, nesta época, a qualidade do vinho ainda não era o ponto forte. Isso muda em 1983 com a Golan Heights Winery, que é a primeira vinícola a produzir vinhos de qualidade. Eles constroem um viveiro experimental de pesquisa de vinhas e começam a organizar encontros com degustação de vinhos, o que cria um movimento educacional dentro do mundo do vinho.

Então, no início dos anos 90, começam a surgir diversas vinícolas butique, sendo que Yair Margalit (Margalit Winery), Eli Ben-Zaken (Castel Winery), Barry Saslove (Saslove Winery), Roni James (Tzora Winery), e Ze’ev Dunia (Seahorse Winery) são considerados os precursores dessa tendência.

Hoje a indústria do vinho em Israel está buscando sua identidade. Já passou por diversas fases desde produções mais clássicas, até mais modernas, utilizando diferentes técnicas, tentando entender como transformar o que aprendeu com os países “mais velhos” na produção de vinho em algo que é possível se expressar na terra israelense, com todas as nuances que essa terra possui. São mais de 350 vinícolas no país, que espero poder contar um pouco sobre várias delas por aqui em breve.

 

Fonte: Saslove, R.; Haran, G.; Silverman, D.; Gur, I. Wine Journey: An Israeli Adventure. Israel, 2021. https://israeladventure.wine/

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