Via Crucis
A Via Crucis ou Via Dolorosa é o caminho onde Jesus Cristo percorreu antes de ser crucificado desde o momento em que os romanos o condenaram no Julgamento de Pilatos, até sua queda no local marcado para as execuções de criminosos da sua época. A via está entre dois pontos que hoje se encontram o Portal dos Leões, onde se inicia, e a Igreja do Santo Sepulcro, estação final.
Contexto
Jesus Cristo era encarado como marginal pelos Sumo Sacerdote Judaico da época (Mateus 26:3) que mesmo sob domínio romano, convenceram seus governantes romanos de que Jesus oferecia perigo a eles também. Então, Jesus passou a ser buscado pelos seus algozes que o procuraram até que um de seus apóstolos, Judas, o denunciou em troca de dinheiro.
Jesus sabendo da traição (Mateus 26:48), não se escondeu ou fugiu, mostrando os verdadeiros valores da resiliência, perdão, compreensão acerca das fraquezas e pecados mundanos. Ele aceitou seu destino e seguiu com suas orações mentais percorrendo todo o trajeto antes de seu julgamento, onde finalmente começa a travessia chamada de Via Crucis.
Em especial na época da Quaresma, fiéis do cristianismo percorrem a Via Crucis como uma oportunidade especial de conexão e reflexão com os profundos valores da Paixão de Cristo, tradição que começou desde os tempos das Cruzadas.
O que podemos explorar e que nem todos conhecem de forma mais ampla, são os pontos em destaque que todos os cristãos, muçulmanos ou demais interessados que viajam a Jerusalém, tem a oportunidade de conhecer e que fazem parte dessa estória especial.
Existem “estações” durante o trajeto da via, que em português significa Via da Cruz. Assim como cada uma destas estações existe, pois, algo em especial ocorreu nesses pontos do último trajeto de Jesus na terra (em carne e osso).
Não existe consenso entre todos os historiadores e teólogos sobre a quantidade de estações da Via Crucis, alguns acreditam que existem 15 pontos em destaque, outros falam em 17, mas a maioria fica com 14 de maior importância. Eu acompanho a relatoria e vou falar um pouco sobre os 14 pontos de maior acordo, pois não gosto de alimentar a discórdia, e neste momento vamos falar dos primeiros 3 pontos da via.
1ª Estação – Início da Via Crucis e a Corte de Pilatos
Hoje se encontra ao lado da 1ª estação, o Portal do Leão, ao Noroeste do Monte do Templo (local sagrado para os muçulmanos). Outra referência é o convento Notre Dame de Sion Ecce Homo com seu vistoso domo acinzentado.
A Fortaleza Antônia e o Palácio de Herodes foram cogitados como os dois possíveis locais onde o julgamento foi realizado, marco de início da Via Crucis, sua 1ª estação. A Fortaleza Antônia foi considerada o local mais provável por dois motivos, o primeiro, devido as evidências arqueológicas que mostram os restos da fortaleza como sendo do século II DC.
Além de estar perto do Segundo Templo, algo relevante devido aos protestos contra os romanos por conta da proximidade aos eventos da Páscoa judaica.
Os Guardas do Templo encontraram Jesus no local em que Judas disse que estaria, o Jardim Getzemani abaixo do Monte das Oliveiras. De lá foi levado para o local de seu julgamento. As províncias do Império Romano só tinham julgamentos com juízes romanos e seguindo as leis romanas, por isso, Poncius Pilatos, um romano, foi quem julgou Jesus (Mateus 26:26). E mesmo sem total convicção de sua culpa, o condenou no famoso episódio em que Pilatos lavou suas mãos (Mateus 26:24), sinalizando sua falta de convicção e apontando que não era ele quem verdadeiramente estava sentenciando Jesus à cruz.
2ª Estação – Jesus carregando a cruz
O 2º marco está perto do Mosteiro Franciscano que tem 2 igrejas na sua composição, respectivamente a Igreja da Flagelação e Igreja da Condenação.
Dentro da Igreja da Flagelação, existem 3 vitrais ilustrando Pilatos lavando as mãos do pecado (à esquerda); açoitando Jesus e colocando uma coroa de espinhos na cabeça (centro); e Barrabbas se alegra com sua libertação em vez de Jesus (à direita).
Abaixo, o altar da igreja adjacente da Condenação. Segundo a tradição, este foi o local exato onde Jesus pegou sua cruz após sua condenação.
Entre a 2ª e a 3ª estação, existem outros locais interessantes. A abertura central do arco do Ecce Homo, abaixo, faz parte de um arco da Roma Antiga que tinha aberturas triplas. Bem como um arco triunfal em 135 DC, em homenagem a visita do imperador Adriano, fazia parte da fortaleza Antônia.
O Evangelho conta de forma rápida sobre essa passagem da Via Crucis, dessa forma, Jesus começa seu caminho até o Calvário ou Gólgota.
Embora o Evangelho diga que Jesus carregou a cruz completa com ajuda de Simão Cireneu, acadêmicos e teólogos dizem que o mais provável é que eles carregaram apenas a trave horizontal. De acordo com outras estórias de condenados da época e o peso estimado das traves, existe esta questão.
É importante saber que romanos não condenavam outros romanos à crucifixão, já que a cruz era um símbolo comum. E ao mesmo tempo o símbolo máximo de desonra nas províncias romanas, destino dos piores criminosos.
Mas o sinal da vergonha por excelência foi abraçado por Jesus, “Ele próprio carregava a sua cruz…”. Então, já com a coroa de espinhos sobre a cabeça, Jesus toma sobre seus ombros a missão de carregar a pesadíssima cruz e segue em direção ao seu destino.
3ª Estação – Jesus cai pela primeira vez
A 3ª estação está localizada na esquina da Via Crucis com a rua El Wad (Hagai). Nesse sentido, a Via faz uma curva para sudeste, seguindo na direção oeste do Monte do Templo, até virar novamente para oeste na 5ª estação.
Bem como, neste local há uma igreja católica polonesa que foi construída por católicos armênios que viviam na Polônia no século 15. Além disso, o relevo na entrada da igreja mostra Jesus caindo pela primeira vez sob o peso da cruz enquanto caminhava pela Via Dolorosa.
Contudo, a capela atual foi construída em 1947, via doações de soldados poloneses. Existem câmaras subterrâneas ao lado direito da capela, onde podemos ver os restos do antigo banho turco Hamam al-Sultan. Além do hospício austro-húngaro, que funciona como um hospital, é visto no fundo à esquerda.
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Se mudou do Rio de Janeiro para a Terra Santa em 2019. Formado em Administração, área onde atuava profissionalmente no Brasil e com a mudança para Israel embarcou no Turismo devido seu grande interesse sobre Israel, Natureza, História e atualidades.