O desenvolvimento do Cristianismo e do Monasticismo estão intrinsecamente relacionados com o fato de haver mais de 50 Monastérios do Deserto da Judeia.
No entanto, para entender o motivo desta relação é importante entendermos os porquês que motivaram as criações destes Monastérios neste local, bem como quem os criou, a tradição monástica seguida por cada um e, não menos importante, quais são os principais Monastérios que podemos visitar, sejam suas ruínas ou, até mesmo, ainda em pleno funcionamento.
Os precursores da vida Monástica no Deserto da Judeia
O ato de se isolar no Deserto da Judeia para um retiro espiritual é tão antigo quando o Velho Testamento. Elias, em 1 Reis, por ordem de Deus, foi o primeiro a tomar tal atitude nas escrituras.
Retira-te daqui, e vai para o oriente, e esconde-te junto ao ribeiro de Querite, que está diante do Jordão.
E há de ser que beberás do ribeiro; e eu tenho ordenado aos corvos que ali te sustentem.
Foi, pois, e fez conforme a palavra do Senhor; porque foi, e habitou junto ao ribeiro de Querite, que está diante do Jordão.
E os corvos lhe traziam pão e carne pela manhã; como também pão e carne à noite; e bebia do ribeiro.
E sucedeu que, passados dias, o ribeiro se secou, porque não tinha havido chuva na terra. 1 Reis 17:3-7
No entanto, Elias não foi o único a seguir ao Deserto da Judeia em busca de retiro, proteção e de uma elevação espitirual. Muito antes do primeiro ermitão cristão, Paulo de Tebas, dedicar-se a aproximação com Deus, nos desertos do Egito, entre os Séculos III e IV, o Deserto da Judeia já abrigava um grupo de pessoas que destinavam as suas vidas ao isolamento, meditação e oração a Deus, os Essênios.
Descubra as novas descobertas arqueológicas da região de Qumram relacionadas aos Manuscritos do Mar Morto.
Conhecidos atualmente graças aos escritos do historiador judeu Flavius Josephus, este secto judaico já habitava o Deserto da Judeia entre os Seculos 2 AC a 1 DC. Acredita-se, ainda, que João Batista pertenceria a este grupo, vivendo, possivelmente, em Qumram, num retiro espiritual contemplando a imensidão do Deserto, o Mar Morto e com o Rio Jordão a cerca.
Igualmente, Jesus, por 40 dias, também se isolou no Deserto da Judeia, mais precisamente no Monte da Tentação, em Jericó, reforçando ainda mais esta relação entre este deserto e a aproximação a Deus.
E seria esta busca por uma maior espiritualidade no Deserto da Judeia, seja por um breve período de tempo, ou por toda uma vida, que iria modelar, não apenas como, mas também onde, a vida monástica.
Os primeiros Cristãos Eremitas e a Chegada no Deserto da Judeia
A vida em isolamento da sociedade por parte dos cristãos começou com Paulo de Tebas seguido, logo após, por Santo Antão do Egito, seu contemporâneo. Contudo, foi este segundo que começou a ganhar discípulos que, a partir do seu exemplo, começaram a adotar uma vida de reclusão próximo a ele, mas, ainda não numa comunidade bem organizada.
Esta prática foi se difundindo pela região chegando, propriamente dito na área do Israel Moderno no início do Século IV com o Monge Hilarion, o Grande, natural de Gaza. Hilarion instalou-se na atual cidade de Deir al-Balah, hoje parte da Faixa de Gaza.
Contudo, foi exatamente no Deserto da Judeia, também no Sec IV, com Chariton, o Confessor, que o movimento do Monasticismo começou a ganhar contornos mais organizados, do mesmo modo que vemos hoje.
Chariton, O Confessor
Nascido na Ásia Menor, em uma peregrinação a Jerusalém, Chariton foi capturado por bandidos e levado para o cativeiro numa caverna no Deserto da Judeia. Diz a tradição que, por intervenção divina, uma cobra envenenou o vinho destes malfeitores. Livre de seus sequestradores, Chariton viria a distribuir o dinheiro dos bandidos com os pobres e estabelecer, na mesma caverna em que foi mantido como cativo, o seu primeiro Monastério da região, o Monastério de Faran, em 330.
Devido a sua popularidade, Chariton foi acumulando seguidores, a quem começou a transmitir leis e regulamentações que criava a respeito da implementação de uma vida monástica. Surgia, nesse momento, as principais normatizações desta vida de reclusão, muitas das quais, seguidas até hoje.
Em suma, Chariton orientava seus seguidores a realização de apenas uma refeição ao final do dia, que incluiria apenas pão, sal e água. Ao mesmo tempo, montou uma agenda de sete rezas fixas diárias e instruíu aos monges trabalharem manualmente, enquanto memorizavam os Salmos. Uma das mais importantes regras era relacionada a caridade e hospitalidade, desenvolvendo um envolvimento social único.
Boa parte do que se sabe sobre os monastérios são oriundos de Hagiografias, principalmente as escritas por Cyril de Scythopolis no Século VI
Esta vida de dedicação a Deus fez com que Chariton captasse muitos discípulos que, por ventura, no futuro também iriam ser de extrema importância ao desenvolvimento dos Monastérios do Deserto da Judeia. Alguns deles foram Euthymius, o Grande, e Theoctistus da Palestina.
Euthymius, o Grande e Theoctistus da Palestina
Estes dois monges, após formarem uma grande amizade, começariam a realizar longas caminhadas pelo Deserto da Judeia, ato que se tornaria uma prática muito comum aos monges locais. Além disso, fundariam juntos importantes monastéios, como o de Theoctistus.
Euthymius, por sua vez, ainda iria, sozinho, fundar um pequeno monastério nas ruínas de Massada e um outro, de extrema importância, conhecido como Monastério de Euthymius, na atual cidade de Maale Adumim.
Tamanha era a importância deste último que, a partir de certo momento, monges deste Monastério começaram a ser apontados para altas posições no Patriarcado de Jerusalém. Este foi um divisor de águas, pois, com isso, os monges começaram a se envolver na igreja como um todo, ganhando proeminência tanto aos olhos das autoridades seculares e religiosas. Logo, o que, até então,era uma procura espontânea por pessoas que desejavam deixar a sociedade e viver em reclusão no Deserto, tornava-se, também, uma possibilidade de uma ascensão social.
O Desenvolvimento dos Monastérios no Deserto da Judeia
Com o passar dos anos e a consolidação do poder Bizantino na região, a peregrinação a Jerusalém tornava-se mais e mais popular entre os cristãos. Ao percorrerem seus caminhos até a cidade sagrada, muitas vezes, eles se deparavam com estes monastérios e viam neles a possibilidade de uma vida melhor e inteiramente dedicada a Deus.
Por vezes, estes peregrinos, oriundos dos mais diversos recantos do Império Bizantino, juntavam-se aos monges quando estes ainda estavam sozinhos, em cavernas ou barracas no meio do deserto. Desta forma, com o desenvolvimento destas instituições, criava-se um ambiente cosmopolita, multicultal e tolerante.
Com esta atmosfera acolhedora, o Monasticísmo começou a ganhar força e a se desenvolver, chegando ao seu pico no Século VI. Este movimento, em seu ápice, chegou a contar com mais de 10 mil monges espalhados entre inúmeros monastérios do Deserto da Judeia. Este impressionante número transformou a região no mais importante centro de monasticísmo do Império Bizantino.
Os Diferentes tipos Monastérios
Contudo, por mais que estes monastérios fossem, em grande parte, oriundos, de alguma forma, do Monastério de Faran, nem todos eram iguais. Suas diferenças iam desde a sua arquitetura, estando nos sopés de grandes desfiladeiros, ou no cume de montanhas; ou de acordo com suas tradições.
Lavra (Laura) Vs Cenobita
A diferença mais importante entre os Monastérios se dá quanto a sua tradição, ou seja, sendo ele uma Lavra, ou um Monastério Cenóbito.
Nos Monastérios de estilo Lavra, cada monge vive isolado, contemplando a vida indivudualmente, muitas vezes a centenas de metros de distância dos demais membros do mesmo monastério. No entanto, caminhos conectam a moradia de cada um a prédios comunais, sendo o principal deles a Igreja, onde eles se reunem sábados e domingos às orações (Durante a semana, reza-se individualmente, sete vezes por dia, como estabelecido por Chariton), e para distribuição de mantimentos, como alimentos e insumos para os trabalhos manuais que iriam produzir para as próximas semanas.
O nome Lavra/Laura vem do termo grego para caminho, por conta destes caminhos que conectavam os monges às igrejas. Apesar deste ter sido o primeiro tipo de Monastério, com o passar dos anos, passaram a viver neles apenas os monges mais velhos, depois de anos de preparação dentro dos Monastérios Cenóbitos.
Nestes Monastérios Cenóbitos, em contrapartida, os monges levam uma vida comunal e não de total reclusão, como o próprio nome em gregro, Coenobium, diz, Koinos (comunal) + Bio (vida). Nesse ambiente, eles dividem uma regime rígido e rotina diária de trabalho, rezas e refeições comunitárias.
A construção bem organizada dos Monastérios Cenóbitos, com uma área destinada às moradias, edificações centrais com jardins ao redor e protegidos por uma muralha, dão a aparência de uma fortaleza, ou cidade fortificada.
Este tipo de monastério era e ainda é o mais comum na região, tendo mais que o dobro em quantidade comparado as Lavras. Essa diferença se dá pois, além de ser, tradicionalmente, o primeiro Monastério no qual os monges começam a sua vida de devoção, eles têm uma melhor qualidade de vida, o que levava, dessa forma, muitos fieis de classes mais baixas a ingressarem nele.
Porque um Monastério no Deserto da Judeia?
O desenvolvimento desta cultura em tal região não foi à toa. O Deserto da Judeia, por muitos anos, foi chamado como o Deserto de Jerusalém.
Com seus majestosos desfiladeiros e seu solo árido e rochoso, oferece o silêncio e a calma necessários à meditação. Os seus Wadis – rios intermitentes –, com as grandes enchentes no inverno, fornecem as águas para as plantações. Além disso, todo o histórico bíblico do local confere a base espiritual necessária aos monges para se assentarem no local.
Mesmo com os Monastérios no Deserto da Judeia, Jerusalém nunca perdeu o foco como o centro de interesse do movimento Monástico. Logo, a conexão entre os Monastérios e a Cidade Santa a partir de estradas bem pavimentadas era bem comum.
Contudo, dentro do próprio Deserto da Judeia, há áreas onde podemos encontrar uma maior ou menor concentração de Monastérios. Nas margens dos Wadi Qelt e Kidron são mais de 20 monastérios, enquanto que nas proximidades do Rio Jordão, outros 40, além de alguns mais pro Sul, tanto quanto na Fortaleza de Massada.
Entre ruínas e monastérios em funcionamento, contam-se mais de 60 em todo o Deserto da Judeia.
Esta escolha pela localização dos Monastérios se dá, principalmente, pelas passagens religiosas que ocorreram nestes pontos. Por exemplo, os Monastérios próximos a Jericó estão, em sua maioria, relacionados a passagem bíblica do Batismo de Jesus. A principal excessão a regra é o Monastério conhecido como Quarantal, no topo do Monte da Tentação, que faz referência a tentação de Jesus:
E logo o Espírito o impeliu para o deserto. E ali esteve no deserto quarenta dias, tentado por Satanás. E vivia entre as feras, e os anjos o serviam. Marcos 1:12,13
O Declínio dos Monastérios no Deserto da Judeia
Contudo, por mais que a vida nos Monastérios aparentasse ter um grande potencial, no início do Sec VII, a vida monástica no Deserto da Judeia começou a ver o seu fim aproximando. Com os ataques dos Persas, em 614, e o fim do controle bizantino na região, em 638, o moviemento Monasticísta perdeu relevância na área.
Com a chegada dos Cruzados, no Sec XI, alguns dos mosteiros chegaram a ser reconstruídos, contudo, com a perda do domínio da região, novamente aos árabes, os Monastérios do Deserto da Judeia voltaram a passar por um longo período de decadência.
Com os monges mortos e a maioria dos monastérios destruídos ou abandonados, poucos Monastérios continuaram ininterruptamente. O principal deles a resistir foi o Marsaba. Contudo, para conseguir sobreviver as interperes, eles tiveram que se remodelar. Muros de proteção passaram a fazer parte da arquitetura deles, inclusive ao redor das Lavras, e algumas tradições foram interrompidas.
Somente a partir do Sec XIX, por conta das relações entre o Império Otomano e o Russo, Monastérios Ortodoxos a voltariam a operar na região, a maioria, se mantendo ativa até os dias de hoje.
No entanto, hoje, com o desenvolvimento do Estado de Israel e o aumento constante de peregrinos no país, o interesse pelos Monastérios ressurgiu. Esse nova modalidade turistica, inclusive, mobilizou o governo Israelense a tomar decisões estratégicas visando a um melhor conforto deste milhares de visitantes. Dessa forma, um dos maiores campos minados da região passou por um recente processo de limpeza. Esta região, na margem ocidental do Rio Jordão, e conhecida como Terra dos Monastérios, tornou-se o mais novo destino turistico do país.
Por conta da invasão de terroristas vindo da Jordânia, Israel espalhou pela região mais de 6 mil artefatos na região, entre minas e armadilhas, fazendo com o que o local fosse totalmente abandonado a partir do início dos anos 70. Foram mais de 5 décadas com boa parte do complexo inativo e com a visitação proibida.
Terras dos Monastérios
Se a maior concentração de Monastérios do Deserto da Judeia encontra-se na Região do Rio Jordão, é na sua margem ocidental que se encontra o local com a maior aglomeração deles. Sete no total: um dos Católicos Romanos – Franciscanos; um dos Gregos Ortodoxos; um dos Etíopes Ortodoxos, um dos Siríacos, um dos Russos Ortodoxos, um dos Romenos e um dos Coptas.
Estes sete Monastérios se estendem por um intervalo não maior do que dois quilometros de extensão, contando ainda com um oitavo, um Monastério Russo de cúpula dourada, na margem jordaniana do rio.
A concentração é tão grande de monastérios nesta região, também conhecida como a Área de Batismo de Qasr al-Yahud, claro, por um motivo religioso. Ou melhor, alguns motivos. Este local, segundo a tradição, é tido como o ponto de passagem do Hebreus para a Terra Santa, após a saída do Egito. Neste local, também, foi o onde o profeta Elias subiu ao céu numa carruagem de fogo sob os olhos de seu sucessor, o profeta Eliseu. E, como se ambos acontecimentos não fossem o suficiente para dar a devida santidade ao local, o batismo de Jesus por João Batista também ocorreu neste ponto.
Os Monastérios
Todos estes fatores mobilizaram a grande concentração de monastérios no local. Mas, entre tantos, um se destaca. O Monastério Grego Ortodoxo de São João Batista.
Quando construído, no final do Séc IV, a sua arquitetura pensada à tradição dos Monastérios Cenóbitas, fez o parecer com um castelo. Esta peculiaridade levou com que os árabes, ao chegarem no local, o chamassem por Qasr al-Yahud, ou seja, o Castelo dos Judeus. Seu explendor e importância eram tantos que ele chegou a ser mencionado, inclusive, no famoso mapa de Mábada.
Fontes históricas indicam que o Monastério foi destruído durante a invasão Persa, em 614 e seus monges assassinados. Ele foi reconstruído novamente no Sec XII e permaneceu em atividade durante o controle dos Cruzados na região, quando seria destruído novamentem por terremotos. Após uma nova reconstrução, ele foi habitado por monges até o Sec XV, quando a chegada de novas ordas árabes levariam a um novo abandono do local. Esta área erma iria se tornar um refúgio para bandidos, levando ao governo Otomano a implodir o local. Reerguido, ele sofreria uma gende destruição no terremoto de 1927, sendo recontruído pela última vez, como vemos atualmente, em 1956.
Os outros três Monastérios mais procurados desta região são o Franciscano, construído também na década de 50, o Etíope da Trindade, com um grande jardim e quartos para peregrinos e o Romeno, fundado em 1920 e decorado com afrescos com cores vívidas nas paredes e no teto.
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Os Outros Mosteiros do Deserto da Judeia
Monastério de Faran:
O primeiro monastério estabelecido no Deserto da Judeia por Chariton por volta de 330 é também o primeiro em Lavra. Conhecido em árabe como Dir Farah, foi construído aos pés do penhasco do Wadi el-Fara. Originalmente, era composto por um conjunto de 15 cavernas, sendo, posteriormente, ainda no período bizantino, ampliado com a construção dos edifícios comunais, como a igreja.
Destruído pelos persas em 614, foi reconstruído no final do Sec 19 pela Igreja Ortodoxa Russa, deixando ainda restos do Monastério Bizantino ainda a vista.
Monastério de Marsaba
Conhecido como um dos mais impresionantes da região, este Monastério Grego Ortodoxo foi construído junto a um penhasco no Vale do Kidron, ao norte do Deserto da Judeia, e hoje não abrigan mais do que 15 monges. Fundado por Sabbas, o Santificado, no ano de 483, ele é considerado como um dos monastérios mais antigos ainda habitado no mundo. A manutenção de suas antigas tradições ainda continua, como, por exemplo, a proibição de entrada de mulheres e eunucos no compexo.
De acordo com Cyril, Sabas fundou a Grande Laura, em 483, depois de viver numa caverna como ermitão por cinco anos. Com o número de discípulos aumentando, ele montou uma Lavra com 70 monges. Pouco tempo depois, este número chegava a 150. Em 492, Sabas foi eleito como o superior de todos os ermitões da região da Palestina pelo Patriarcado de Jerusalém. Sabas ainda criaria outos nove monastérios, sendo três Lavras, antes de morrer e ser enterrado na própria Mar Saba, onde seu túmulo é venerado até os dias de hoje, depois de 1,5 mil anos, com seus restos mortais a mosta ao público.
Estes restos mortais do Santo Sabas têm uma história a parte. Após a sua morte, em 5 de Dezembro de 532, ele foi enterrado no mesmo local que ele se encontra hoje. No entanto, no Século XI, os Cruzados levaram os seus restos para Veneza, onde ficou disposto na Igreja de Santa Antonina por séculos. Mas, já no Século XX, Santo Saba apareceu ao Papa João XXIII num sonho pedindo para ter seus restos novamente em seu primeiro monasterio. O Papa João acabou por falecer antes de realizar este pedido. Foi quando, novamente num sonho, Santo Sabas apareceu ao Papa seguinte, Paulo VI, fazendo o mesmo pedido de retornar a sua casa, no deserto. Dessa forma, em 12 de Novembro de 1965,
Sabas retornaia ao seu local original de descanso.
Além dos restos mortais, e de toda a construção local de Mar Saba, outro ponto de interesse são as tâmaras que crescem lá. Até 1950, havia no local a mesma tamareira da qual Santo Sabas colhia os frutos. Após a morte dela, duas outras árvores cresceram ao redor. A tradição diz que comer destas tâmaras é benéfico para mulheres que são estéreis.
Monastério de São Jorge
Outro Monastério Grego Ortodoxo, o Monastério de São Jorge, localiza-se junto ao penhasco do Wadi Qelt, o mesmo onde acredita-se ser o local mencionado no Salmo 23.
Com uma antiga capela e jardins, o monastério continua ativo até os dias de hoje. A caverna na qual a igreja foi construída, diz a tradição, foi onde Elias viveu enquanto fugia de Jezebel e foi alimentado por corvos que traziam água e pão para ele. Além disso, a tradição cristã diz que nesta caverna um anjo comunicou a Joaquim, avô de Jesus, que sua mulher Hannah, engravidaria de Maria.
O Monastério começou como uma Lavra onde monges construiram um oratório para São Estevão entre 420 e 430, porém, foi João de Tebas, também conhecido como João de Cossiba, que fundou o Monastério propriamente dito, em meados do Século VI.
O Monastério floresceu no início do Século VII, sob o controle de São Jorge de Cossiba. No entanto, com a invasão Persa, em 614, muitos monges fugiram, mas São Jorge continuou no local, ileso, provavelmente por conta de sua idade. O Monastério operou até o início do Século IX, voltando a ser reconstruído pelos Cruzados no Séc XI e sendo destruído e abandonado posteriormente, com a saída deles da região.
Somente em 1871, um monge grego de nome Callinicos, começou os trabalhos de reconstrução do local, terminando em 1901, com as edificações que são vistas hoje em dia.
Deir Hajla
Outro monastério Grego Ortodoxo, também conhecido como Monstério de São Gerásimo. Sua origem é vaga, mas, provavelmente, foi criado na segunda metade do Sec V e fora chamado primeiramente de Kalamon, por conta das algas que cresciam numa fonte próxima.
De acordo com a tradição, o monastério foi construído onde Maria, José e o jovem Jesus se abrigaram numa caverna enquanto fugiam de Herodes.
Algo muito interessante dentro do Monastério é a presença de muitos ícones com o desenhos de leões. Esta referência remete-se a uma história de que um leão que vagava no deserto, com a pata machucada por um espinho, e foi ajudado por São Gerasimo, que residia no monastério. Em retribuição, ele teria servido ao Santo tendo, inclusive, recuperado o seu burro, roubado por ladrões.
A história diz que Gerásimo morreu em 475 e, sobre seu túmulo, o leão morreu de luto.
Quarantal
Localizado sobre a cidade de Jericó, o Monastério do Monte da Tentação, ou Quarantal encontra-se sobre um precipício de 360m de altura cercado por inúmeras cavernas.
O atual Monastério Grego Ortodoxo, construído em 1895, encontra-se sobre as ruínas de duas igrejas da época dos Cruzados, no Século XI, e do Monastério em Lavra de Douka, fundado em 340 por Chariton, o Confessor.
O local escolhido à construção não foi à toa. Helena, a mãe de Constantino, o Grande, em 326, identificou o local como sendo o Monte da Tentação, local onde Jesus jejuou por 40 dias e 40 noites, sendo tentado por Satan. Por isso, inclusive, o Monastério é conhecido como Monastério do Monte da Tentação e Quarantal, que faz refência ao período de 40 dias.
O nome do Monastério em árabe é Jebel Quarantul, uma clara corruptela de Quarantal
A tradição local diz ainda que dentro do monastério pode-se encontrar a pedra na qual Jesus sentou-se durante este período.
Monastério de Theoctistus
O primeiro Monastério Cenóbito fundado no Deserto da Judeia, em 411, a 12 km de Jerusalém, no Wadi Mukallik.
Monastério de Theodosius
O maior monastério do Deserto da Judeia, construído no Sec V ao redor da caverna que Theodosius usou para reclusão.
Numa área de 7 mil metros quadrados, este monastério Cenóbito inclui três igrejas, uma das quais sobre o túmulo do própio Theodosius. Mais de 400 monges já habitaram o local e, segundo a tradição, na caverna sob a igreja principal, os três reis magos teriam passado a noite antes de chegar em Belém, a seis quilômetros do local.
Martyrius
Nomeado em homenagem ao seu fundador, que oriundo da Capadócia, na Turquia, juntou-se ao movimento monástico primeiramente no Egito para depois chegar ao Deserto da Judeia, num dos monastério do famoso monge Euthymius, em meados do Sec V. No entanto, por achar o local muito apertado e desconfortável, mudou-se para outra caverna na proximidade e acabou por fundar este que seria um dos maiores Monastérios da região.
Martyrius, posteriormente, em 478 seria apontado como Patriarca de Jerusalém, abandonando a vida monástica. Porém, o Monastério continuou com seu nome. Hoje, com as ruinas abertas a visitação, pode-se notar o desenvolvimento do complexo, que sobreviveu a invasão Persa em 614, porém, foi abandonado, posteriormente com a invasão árabe. Estas ruínas, inclusive, que deram o nome em árabe do local, Khirbet (ruínas) el-Murassas, que por sua vez, ajudaram os arqueólogos a identificarem o local, tendo em vista a similaridade do nome original, Murassas/Martyrius.
Em suas ruínas, além de lindos mosaicos, pode-se ver diversas capelas, uma igreja principal, estábulos, além da caverna onde Martyrius se abrigou e a hospedaria.
Então, o que achou? Que tal colocar Monastérios do Deserto da Judeia?
Em Israel desde 2018, é nativo do Rio de Janeiro. Guia de turismo formado, tenho formação em Biologia e Marketing. Apaixonado por Israel e pela Natureza
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