O local mais sagrado do Catolicismo, conhecido entre os Latinos como Santo Sepulcro, e pelos Ortodoxos como Igreja da Ressurreição, não se resume a apenas uma grande igreja com o sepúlcro vazio dentro dela. Dentro deste edificação, que começou a ser construída no início do Século IV, existem mais de duas dezenas de altares e construções para rememorar acontecimentos bíblicos. Dentre estas inúmeras estruturas, focaremos nas 20 capelas que compôem o Santo Sepulcro, do seu adro a sua área mais profunda.
Contudo, engana-se quem pensa que este grande número de capelas do Santo Sepulcro foram construídas de maneira organizada e pensada de maneira lógica para favorecer a experiência religiosa do fiel ou peregrino. Pelo fato de ser um dos prédios do mundo que mais vezes foi destruído e reconstruído, este conjunto de áreas sagradas transforma a Igreja num verdadeiro mosaico.
Status Quo
Porém, como se não fosse o bastante, estas 20 capelas do Santo Sepulcro são divididas entre seis denominações cristãs – Grega Ortodoxa, Latina, Armena, Siríaca, Copta e Etíope. E, infelizmente, estas ordens nem sempre conseguiram manter a paz entre elas, transformando, por vezes, o Santo Sepúlcro num campo de batalha.
A divisão que temos hoje, que tenta pacificar esta quimera, é baseada pelo Status Quo, de 1853, que, por sua vez, é oriundo de uma guerra na qual o próprio Santo Sepulcro foi o estopim, a Guerra da Crimeia.
Este documento do Império Otomano divide cada área do Santo Sepucro entre as denominações citadas anteriormente, independente se elas aceitam ou não. Dessa forma, é normal ver resquícios destas desavenças, como na famosa escada “imexível“. Contudo, o resultado mais surpreendente e impressionante é exatamente esta mistura de tradições e culturas que ocorre dentro da Igreja.
É normal ver mosaicos, afrescos e iconografias em três alfabetos distintos – latino, cirílico e armeno – bem como as diferentes formas como cada denominação expressa sua fé, deixando o Santo Sepúlcro ainda mais incrível.
Com tanto contraste, fé e história, não é de se surpreender que, não só que existam tantas capelas, mas também que cada uma seja repleta de história, detalhes e conhecimento que valem a pena serem explorados.
Santo Sepulcro
O Santo Sepulcro foi contruido pela primeira vez por Helena, a mãe do Imperador Constantino, o Grande. Depois de ser destruída pelos persas, muçulmanos e sucessivos terremotos e incêndios, ela foi sempre reconstruída, mudando, claro, um pouco de sua forma original, mas, mantendo dentro de seu perímetro algumas áreas importantes do ponto de vista religioso, como o Calvário e o próprio sepulcro vazio.
À Igreja Ortodoxa Grega, a igreja tem o nome de Anastasis, que significa Ressurreição.
Além disso, a presença de algumas estruturas na construção se mantiveram constantes ao longo destes quase dois milênios, como o grande domo, conhecido como Rotunda; os arcos das sete virgem, que remonta à igreja contruida por Constantino, o Grande; e o túmulo de José de Arimateia, preservado como o original.
Anastasis ou Rotunda
Por mais que ainda respeite o design original da estrutura do período Romano-Bizantina, com pilares, grupos de colunas e grandes janelas laterais, que se alternam numa ordem regular, formando uma construção simétrica; após séculos e mais séculos de reconstrução, a estrutura não é a mesma. Contudo, é sobre este suntuoso domo, que pode-se reconhecer facilmente em qualquer foto aéra da Cidade Velha de Jerusalém, que se encontra a principal estrutura da Igreja, a Edícula.
A Rotunda ten 33.7m de diâmetro e colunas de 7.15m de altura. O Domo tem 20m de diâmetro e 35m de altura com 12 raios de luz emanam do sol, símbolo da ressurreição de Cristo, para iluminar a igreja, tal como ela ilumina o mundo.
Edícula
Construída numa estrutura retangular, com uma área próxima a 40 m² e altura de quase seis metros a edícula – pequeno templo em latim – irá abrigar a área mais nobre de todo o complexo.
Tendo seu controle dividido entre as três principais denominações cristãs – Grega, Latina e Armêna – a sua arquitetura, bem como todo o complexo, resulta de inúmeras reconstruções e restaurações, sendo as últimas, respectivamente, em 1810 – financiada pela Igreja Grega, por isso o domo típico em formato de cebola – e 2017 – depois da interdição por parte do governo Israelense devido ao risco de colapsar.
Apontada ao Leste, contendo as inscrições Deus, abra-nos a porta da sua misericórdia, na direita, e Olhe sobre nós a partir de sua santa morada, na esquerda, vai conter não só o Sepulcro de Jesus e a Capela do Anjo, ambas abertas ao público.
José tomou o corpo, envolveu-o num limpo lençol de linho, e o colocou num sepulcro novo, que ele havia mandado cavar na rocha. E, fazendo rolar uma grande pedra sobre a entrada do sepulcro, retirou-se. Mateus 27:59,60
Capela do Anjo – Compartilhada
Com uma área de um pouco mais de 13m², a Capela do Anjo é ante-sala do Sepulcro e foi erguida em memória ao jovem com roupa comprida e branca que estava sentado dentro do túmulo e quem avisa às mulheres sobre a ressurreição.
E, entrando no sepulcro, viram um jovem assentado à direita, vestido de uma roupa comprida, branca; e ficaram espantadas.
Ele, porém, disse-lhes: Não vos assusteis; buscais a Jesus Nazareno, que foi crucificado; já ressuscitou, não está aqui; eis aqui o lugar onde o puseram. Marcos 16:5,6
A capela é decorada com pilares e colunas de marmores com um pequeno pedestal no centro contendo o fragmento da rocha que, outrora, era a pedra que selava a tumba, também chamada de Santa Pedra, com os dizeres Um anjo do Senhor desceu do Céu e rolou a pedra da entrada da tumba.
Até a destruição por Al-Hakim em 1009, a pedra encontrava-se inteira.
Ao longo destes dois mil anos, esta parte do túmulo sofreu inúmeras alterações. Enquanto Constantino, o Grande destrui toda a estrutura desta parte da gruta, os Cruzados construíram uma Edícula com três entradas que, posteriormente, no Século XVI, foram dechadas.
A versão atual tenta relembrar como seria esta câmara em sua versão original, ainda nos tempos de Jesus e contempla 15 lamparinas a óleo, cinco pertencentes aos Ortodoxos, cinco aos Latinos, quatro aos Armênos e um aos Coptas, além de quatro aberturas ovais nas paredes da capela para a transferência do Fogo Sagrado, cerimônia tradicional na páscoa ortodoxa.
A Sala do Túmulo – Compartilhada
Com menos de 3m², a Sala do Túmulo é onde encontra-se o Sepulcro vazio de Jesus, hoje tampado com um monolito de mármore, protegido por um monge Hagiotafita – membro da Irmandade Monastica Ortodoxa do Sepulcro.
Nas paredes desta capela, também compartilhada entre as denominações cristãs, pode-se observar pinturas que ilustram o triunfo de Cristo saindo de sua tumba se juntam a 43 luminárias, 13 pertencentes aos Gregos, Latinos e Armenos, e quatro aos Coptas.
Todos os dias, a Sala do Túmulo recebe a comunidade ortodoxa para uma reza na qual usam o monolito de mármore como altar.
Capela Copta
Nos fundos da edícula, com uma entrada separada para ela, há uma pequena capela construída em treliça de ferro, fica o altar, construído em 1112 pelos Latinos que, em 1573, fora cedido aos Ortodoxos Coptas.
A rocha natural, que é coberta com laje de mármore dentro da câmara funerária, é visível nesta seção.
Gregos Ortodoxos
Por determinação do Status quo, a denominação que possui, não só a maior área útil, mas o maior número de capelas dentro do Santo Sepulcro é a Grega Ortodoxa, sendo a principal delas a Catholicon, localizada ao leste da edícula e bem no meio do complexo da Igreja.
Catholicon
Na frente da Edícula abre um grande espaço chamado de Catolicon, que ocupa o centro do Santo Sepulcro e ocupa a maior área da igreja. É nesta área que a Irmandade do Santo Sepulcro, formada por monges ortodoxos, conduz a maioria dos seus serviços religiosos.
O domo, de 29m de altura, é adornado com mosaicos em estilo bizantino representando o Cristo Pantocrator, cercado de bispos e patriarcas de Jerusalém, suportado por arcos conectados por pendículos às colunas da época das cruzadas, nas quais os evangelistas estão retratados.
No fundo do Catolicon há a tradicional iconostasis, presente nas Igrejas Grego-Ortodoxas, com dois tronos reservados para quando há a visita dos Patriarcas (trono da direita) de Antióquia e de Jerusalém, e do arcebispo (trono da esquerda).
Ao entrar no Catolicon pela Rotunda, passa-se pelo Arco Real que engravado nele Saldações e agradecimento a noiva do grande Rei sendo igual a beleza de seu noivo e com o seu povo te adoramos, o doador de vida.
Já na entrada da nave, está presente uma estrutura circular de mármore rosado com uma cruz marcada indicando o Onfalo, isto é, umbigo em grego. Este local, segundo a tradição ortodoxa, é o centro do Mundo, baseado na referência bíblica que diz que o ponto central do mundo coinscide com o local da manifestação divina, citado no Salmo 74:12.
Todavia Deus é o meu Rei desde a antiguidade, operando a salvação no meio da terra.
Capela do Calvário
Localizada junto a 12ª estação da Via Dolorosa, a capela tem seu altar exatamente sobre a rocha na qual a Santa Cruz em que Jesus morreu foi levantada. Com uma pequena fresta sobre ele, envolta num disco de prata, pode-se, inclusive, tocar neste local santo.
E era já quase a hora sexta, e houve trevas em toda a terra até à hora nona, escurecendo-se o sol; E rasgou-se ao meio o véu do templo. E, clamando Jesus com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isto, expirou.Lucas 23:44-46
Por ser o local da crucificação, é muito normal encontrar peregrinos, não só rezando e depositando seus pedidos neste local, mas também colocando sobre o altar pequenos crucifixos que trouxeram de seus países de origem.
Construída sobre a Golgota, ou o local da Caveira,como citado em João 19:17, a capela encontrava-se, originalmente, canto Sul do interior do atrium, numa área aberta do complexo com uma grande cruz dourada sobre ela, presente do Imperador Theodosios II.
Somente no início do Século VII, poucos anos após a destruição do local pelos Persas, que o Patriarcha Modestos edificou sobre o Calvário. Já no período dos Cruzados, a Igreja fora reconstruída e uma entrada direta à Golgota fora adicionada, bem como uma capela ao lado, a Capela da Crucificação, pertencente hoje aos Latinos.
Hoje, o que sobrou do local da crucificação de Jesus, projeta-se quatro metros e meio do solo.
A Capela de distingue por sua decoração, repleta de imagens, com um grande crucifixo, com as imagens de Maria e João ao lado da cruz, e uma grande inscrição Cristo Despota, com o santo sangue derramado de seu santo lado e sua vida dada em sacrifício, por um lado parou os ídolos, e por outro toda a terra invoca seu sacrifício com louvor.
Ainda no altar, no formato de um cibório, há a inscrição Cristo nosso Deus, você trabalhou a salvação na Terra, estendendo seus santos braços na cruz.
Capela de São Longuinho
No nicho mais ao norte, formado pelos arcos da Igreja, na região do ambulatório, existe a capela dedicada ao São Longuinho, o mesmo da tradicional supertição brasileira dos três pulinhos, no caso de algo ser perdido.
Esta capela homanegeia o Centurião, que não tem seu nome citado na bíblia, responsável pela quinta chaga de Jesus, que ao ter o sangue de Cristo espirrado no rosto ao espeta-lo com a lança, teria sido curado de seu problema de visão, levando-o a aceitar Jesus e, posteriormente, se tornar um mártir.
Contudo um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água. João 19:34
Capela do Escárnio de Jesus ou Capela da Coroa de Espinhos
Ainda no ambulatório, mas, na face mais próxima ao Calvário, encontra-se a Capela do Escárnio de Jesus, também conhecida por alguns como Capela da Coroa de Espinhos.
Nessa pequena capela há, sob o altar, parte de um pilar de granito que se localizava no pretório, local onde Jesus foi julgado, pois, foi no pretório que tanto Jesus recebe a sua coroa de espinho dos romanos, como também eles fazem escárnio do próprio.
A tradição local diz que foi nesta pilastra que Jesus foi flagelado
E logo os soldados do presidente, conduzindo Jesus à audiência, reuniram junto dele toda a corte. E, despindo-o, o cobriram com uma capa de escarlate; E, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça, e em sua mão direita uma cana; e, ajoelhando diante dele, o escarneciam, dizendo: Salve, Rei dos judeus. E, cuspindo nele, tiraram-lhe a cana, e batiam-lhe com ela na cabeça. E, depois de o haverem escarnecido, tiraram-lhe a capa, vestiram-lhe as suas vestes e o levaram para ser crucificado. Mateus 27:27-31
Há também numa caixa especial, a direita do altar, com uma coroa, feita com os espinhos mais duros encontrados na região, com a inscrição: E tecendo coroas de espinhos, colocaram-na em sua cabela e na sua mão direita um junco.
Capela de Adão
Abaixo das capelas da Crucificação e do Calvário, aos pés da Golgota, há um pequeno templo que é conhecido hoje em dia como a Capela de Adão, após já ter tido a alcunha de local da caveira, santa caveira, Capela de Melquisedeque e Santo Percursor.
De acordo com a tradição local, neste local a ossada de Adão foi enterrada por Noé, e, posteriormente, ele foi limpo do seu pecado original ao entrar em contato com o sangue de Jesus, que escorreu pela rachadura causada pelo tremor oriundo de sua morte. Rachadura esta que pode ser observada atrás de uma placa de virdo sobre o altar.
“Quando desapareci da cruz, desci aos Infernos para dali tirar Adão e a todos que com ele se encontravam, cedendo às súplicas do arcanjo Gabriel.” Evangelho de Bartolomeu 1:8
A Capela tinha um lindo mosaico, destruído no fogo em 1808, que também destruiu o que era conhecido como a tumba de Malquisedeque. No mesmo local, havia também os túmulos de Balduíno dos Flandres e de Godofredo de Bulhão, removidos com a reforma conduzida pelos Ortodoxos após o incêndio.
Numa sala pequena dentro da capela, normalmente fechada, encontram-se algumas relíquias, sendo um pedaço da Cruz a principal delas.
Capela dos Laços
Na parte mais a Norte da Igreja esta a Capela dos Laços, também conhecida em ingles por Chapel of the Bonds, por conta do local onde Jesus teve suas pernas amarradas antes de subirem ao calvário, tradição local, não citada nos envangelhos. Esta área onde ele esteve cativo pode ser visto no chão da Capela.
A Prisão de Cristo
Atrás desta capela, há uma área com três ambientes e um teto baixo que seria a prisão de Cristo antes – ou depois – de ter sido torturado no local da capela anterior. Uma segunda tradição, no entanto, diz que neste local Maria teria desacordado quando viu seu filho preso na cruz, com o realizar da professia de Simeão
“E Simeão os abençoou e disse a Maria, mãe de Jesus: “Este menino está destinado a causar a queda e o soerguimento de muitos em Israel, e a ser um sinal de contradição, de modo que o pensamento de muitos corações será revelado. Quanto a você, uma espada atravessará a sua alma” Lucas 2: 34-35
Latinos
Após os Ortodoxos Gregos, os Latinos têm a segunda maior área dento do Santo Sepulcro, tendo, inclusive, a posse de duas das cinco estações da Via Dolorosa dentro do complexo.
Dentre as suas capelas, destacam-se as Crucificação e a da Aparição, de onde saem as procissões.
Capela da Crucificação
Ao lado da Capela Ortodoxa do Calvário, sobre a Golgota, encontra-se a Capela Latina da Crucificação, que relembra esta passagem do Evangelho.
Então, consequentemente entregou-lho, para que fosse crucificado. E tomaram a Jesus, e o levaram. E, levando ele às costas a sua cruz, saiu para o lugar chamado Caveira, que em hebraico se chama Gólgota, Onde o crucificaram, e com ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio. João 19:16-18
Nesta capela, que se encontram as estações X e XI, pode-se encontrar ainda um belo altar de bronze, presente do Granduque da Toscana Ferdinando de Medici, em 1588, que fora planejado, no primeiro momento, para estar sobre a pedra da unção. Ao lado esquerdo do altar, encontra-se uma imagem da Maria das Dores, presente da Rainha Maria de Portugal, em 1778.
Porém, o que mais chama a atenção de quem visita esta capela são os belos mosáicos que contemplam, desde o único remanescente do período dos cruzados, em sua abóboda, bem como o de passagens bíblicas, como o sacrifício de Isaque, a crucificação de Jesus e as mulheres de Jerusalém e João testemunhando o acontecimento.
Capela dos Francos ou Agonia das Virgens
Ao lado da Capela da Crucificação, mas com entrada pelo lado de fora do Santo Sepulcro, encontra-se a Capela dos Francos, conhecida também como Capela da Agonia das Virgens, dedicada a Nossa Senhora das Dores, construída pelos Cruzados.
Sua construção, em tempos medievais, com o acréscimo de uma porta conectando-a, tem a sua entrada por um lance de escadas justaposta a entrada principal do Santo Sepulcro e dá acesso direto ao Calvário, permitindo, em tempos medievais, peregrinos fazerem seus pedidos e adquirirem indulgências quando a grande igreja estava fechada, ou quando não tinham dinheiro para pagar pela entrada.
Capela da Descobrimento da Santa Cruz
Dois níveis abaixo da principal área do Santo Sepulcro, a 42 degaus, encontra-se a Capela do Descobrimento da Santa Cruz onde, segundo a tradição, não só a cruz de Jesus fora encontrada, mas também as dos ladrões e os pregos que prenderam Cristo a ela.
No lado oriental da Capela, no piso, há uma placa indicando o local do descobrimento da cruz, que fora posta em 1810, pelos Gregos, a quem esta Capela pertencia. Já na parte norte, um pequeno altar com uma estátua de bronze de St. Helena com a Santa Cruz.
A parede preserva afrescos do tempo dos Cruzados, bem como no marcas na parede indicam que o local fora utilizado antigamente como uma pedreira, além do material do revestimento impermeabilizante indica que, no tempo de Jesus, o local era usado como uma cisterna.
A tradição local diz que imediatamente após a descoberta de Helena, a Cruz de Jesus foi identificada após ela fazer um homem já morto ressucitar.
Capela da Aparição ou Sagrado Sacramento
Ao Leste na igreja, logo após aos sete arcos, há a Capela, na qual a tradição franciscana diz ser o local que Cristo revelou-se à sua mãe logo após a sua ressurreição a Maria, sua mãe.
O local onde Cristo e sua mãe estiveram é representado por um anel de mármore negro.
Contudo, a Capela também é conhecida por um segundo nome, do Sagrado Sacramento, relembrando o evento narrado no livro não canônico da Ressurreição de Cristo de Bartolomeu, o Apóstolo.
Esta Capela, presente no complexo desde a reconstrução de Constantino Monomachus, tem três pequenos altares. No da direita, eles mantêm parte do pilar no qual Jesus foi amarrado e flagelado, que conferem a este pilar o nome de Pilar das Chicotadas, que se encontra no local desde 1553. Além disso, desde a década de 80, quando foi reformada, ela é adornada por modernas estátuas de bronze, obras do Padre Andrea Martini, representando as 14 estações da Cruz.
Capela de Maria Madalena ou Não me Segure
Entre a entrada da Capela da Aparição e a Rotunda há uma laje de mármore que, segundo a tradição Franciscana é o local que Cristo se revelou à Maria Madalena após a sua ressurreição e disse: Não me Segure, como citado em João 20:17
Jesus disse: “Não me segure, pois ainda não voltei para o Pai. Vá, porém, a meus irmãos e diga-lhes: Estou voltando para meu Pai e Pai de vocês, para meu Deus e Deus de vocês”. João 20:17
Sobre o altar, encontra-se uma moderna representação em bronze do encontro de Maria Madalena com seu Rabouni, também feito também pelo Padre Andrea Martini, enquanto que no seu lado oposto encontra-se o órgão que acompanha os serviços dos frades franciscanos.
O pavimento, rememorando como era no tempo dos cruzados, indica o local que Jesus e Maria Madalena estavam, circulo com aros e os três círculos concêntricos, respectivamente.
Capela dos Cruzados
Pequena Capela destinada a missa de peregrinos em uma antiga sala sob construida em formato de abóboda para o qual o uso na época ainda é desconhecido.
Armenos
Capela de Santa Helena
A principal Capela Armena dentro do complexo encontra-se a 29 degraus abaixo do nível da Edícula – com milhares de gravações de peregrinos talhadas nas paredes de suas escadas -, e é dedicada a Santa Helena, a grande responsável pela construção da primeira Igreja do Santo Sepúlcro, ainda no Século IV.
Sobre a Igreja encontra-se o Monastério Etíope de Deir es-Sultan
A Capela, que já pertenceu aos Etíopes, que por conta de problemas financeiros foram obrigados a vender aos Armenos, ainda tem um pequeno altar destinado a esta comunidade africana, localidada na face oriental, no qual próximo a ele, há um outro altar, este em homenagem ao Santo Gregório Photisis, o Iluminador, o primeiro líder oficial da Igreja Apostólica Armena e que dá o nome à Capela de acordo com os próprios Armênios, Capela de Santo Gregório.
Além destes altares, os dois ápices da Capela são dedicados a Santa Helena e ao São Dimas, o ladrão arrependido, bem como há homenagens a seis santos armenos Housik, Narses I, Aviadages, Vartan, Bartolomeu e Thadeu podem ser vistas no local.
Em sua parte sul, há uma abertura para a Capela do Descobrimento da Cruz que, segundo a tradição, Helena supervisionava o trabalho de descobrimento e hoje é conhecido como a Cadeira de Santa Helena, enquanto que no piso, um mosaico de 1978 faz de uma clara representação a Noé, com sua arca e animais em pares – por conta da tradição dizer que o Monte Ararat é na Armênia – e conta também com nove igrejas e cidades armênas que foram destruídas pelos Turcos.
Ainda nos elementos decorativos, em suas colunas , além das com capiteis bizantinos, há outras duas em “formato de cesta” que os Cruzados trouxeram da Mesquita de Al-Aqsa.
Ao lado esquerdo, há uma entrada que leva a Capela de São Vartan e os mártires armênios
Capela de Santo Vartan
A Capela de São Vartan é uma pequena sala localizada ao lado da Capela de Santa Helena e faz parte de uma antiga pedreira e sua entrada se dá por um portão de ferro controlado pelos armênios.
Esta Capela, só descoberta nos anos 70, contém a que talvez seja a mais antiga inscrição de um peregrino cristão, com alguns pesquisadores indicando que seja do Século 1, enquanto outros, menos otimistas, do Século 4, mas anterior a construção do Santo Sepúlcro por Helena.
Na ilustraçáo, além de um barco conhecido como Barco de Jerusalém, tem-se também uma inscrição renovada na qual se pode-se ler em latim Senhor, nós devemos ir (Domine Ivimus).
Capela da Divisão da Vestimentas
Dentre as três capelas presentes no ambulatório, a Capela da Divisão das Vestimentas é a única a não ser do controle dos Ortodoxos Gregos.
Como seu nome diz, ela relembra a passagem de Marcos 27:35 na qual os soldados romanos dividiram suas vestes
E, havendo-o crucificado, repartiram as suas vestes, lançando sobre elas sortes, para saber o que cada um levaria. Marcos 15:24
Na capela, pode-se ver imagens da divisão das vestes de Cristo
Siríacos
Capela dos Siríaca de José de Arimatéia
Logo atrás da Edícula, na face ocidental da Rotunda, há a única capela da ordem dos siríacos, também conhecidos como Jacobitas.
Tendo sua estrutura ainda da construção de Constantino, no Século 4, é uma das áreas mais antigas de todo o complexo, tendo sobrevivido a um incêndio, o qual a destruição ainda pode ser vista nas paredes e no altar.
Por conta de discussões sobre quem tem a posse desta capela, ela não pode ser reformada.
Na parte sul da capela pode ser encontrar típicas tumbas judaicas do primeiro século a qual a tradição local diz terem sido utilizadas por José de Arimatéia e Nicodemus.
Adro
No adro do Santo Sepulcro é possível encontrar a entrada para algumas diferentes capelas de diferentes ordens, como as Capelas de São Tiago Menor, de Santa Tecla de Icônio e a de São João, além de alguns monastérios. Porém, dentre estas construções, as que mais se destacam são as capelas Etíopes, dos 40 mártires e de Santa Maria do Egito.
Etíopes
A esqueda da entrada do Santo Sepúlcro há uma pequena porta, sempre aberta, que dá entrada às duas capelas etíopes que compõe o Complexo do Santo Sepulcro. Ao entrar nelas, ambas conectadas por uma antiga escada, é certo que, um monge ou freira estará sentado, impreterivelmente, em uma das cadeiras do local.
Ele não está lá para observar ou pedir oferendas, mas sim para assegurar a presença de um membro da Igreja Etíope no local e, assim, a posse da Capela. Isso, porquê, enquanto houver a presença física de um membro da comunidade etíope no local ninguém há de contestar os direitos deles no local.
Porém, esta tensão para manutenção da posse destas capelas é algo relativamente recente. Até 1970, tanto a Capela de do Santo Arcanjo Michel, como a das Quatro Criaturas Vivas – ou Tetramorphos – eram dos Coptas, porém, na noite de Páscoa, devido a ausência de qualquer monge egípcio, os etíopes entraram em ambas, trocaram as chaves e, desde então tem a posse.
Israel e Egíto, até 1979, não tinham qualquer relações políticas. Desta forma, as autoridades israelenses não interfiriram neste movimento dos etíopes, pois não havia interesse diplomático.
Capela do Santo Arcanjo Michael
A Capela é composta por três áreas, a primeira, composta por bancos para os fiéis, uma segunda reservada ao que conduzirão a cerimônia e uma terceira contendo o altar e localizando-se atrás da iconostasis.
O complexo é cercado por uma grade de ferro que só é aberta em momentos de celebração.
Capela das Quatro Criaturas Vivas, ou Tetramorfos
Com a mesma estrutura que a Capela do Santo Arcanjo Michael, apresenta uma grande e moderna pintura do encontro do Rei Salomão com a Rainha de Sabá (Anacrônico), pintado por Mazmur Za-Dawit.
A capela relembra a passagem de Ezequiel 1:4-6, que, por sua vez, é uma préfiguração do Tetramorfos, que na tradição cristã são os quatro evangelistas, João, Marcos, Matheus e Lucas.
Olhei, e eis que um vento tempestuoso vinha do norte, uma grande nuvem, com um fogo revolvendo-se nela, e um resplendor ao redor, e no meio dela havia uma coisa, como de cor de âmbar, que saía do meio do fogo. E do meio dela saía a semelhança de quatro seres viventes. E esta era a sua aparência: tinham a semelhança de homem. E cada um tinha quatro rostos, como também cada um deles quatro asas. Ezequiel 1:4-6
Capela dos 40 Mártires
Localizada no piso inferior do campanário originalmente construido pelos cruzados, era o local do antigo Monastério da Trindade, onde os patriarcas ortodoxos de Jerusalém eram enterrados e nela as suas relíquias continuam guardadas.
A história do local conta que Santo Gaudêncio de Brécia, no início do Século V, foi em peregrinação a Jerusalém e, em Cesareia, duas freiras, sobrinhas de São Basílio Magno, entregaram a ele partes das relíquias dos 40 mártires de Sebaste, que fundaria esta igreja em honra a eles.
O prédio atual da Capela é da reconstrução de Constantino Monômaco, no Século XI.
Os 40 a Mártires de Sebaste foram quarenta soldados romanos que se recusaram a jurar de fidelidade aos deuses romanos.
Capela da Santa Maria do Egito
Uma das menores capelas dentre todas, ela localiza-se sobre os degraus que levam à Capela dos Francos, rememorando o fato que Santa Maria Egípcia foi impedida de entrar na Igreja por uma força invisível por conta de sua impureza, levando-a a um processo de arrependimento, conversão e redenção.
Fonte:
https://www.johnsanidopoulos.com/2017/03/the-chapel-of-holy-forty-martyrs-in.html
http://i2ud.org/j/html3/monuments/sites/HS_ext_chapels/index.html
https://www.custodia.org/pt-pt/node/155206
https://eadiocese.org/abpnikon8
Patriarcado Ortodoxo de Jerusalém
Em Israel desde 2018, é nativo do Rio de Janeiro. Guia de turismo formado, tenho formação em Biologia e Marketing. Apaixonado por Israel e pela Natureza