Por 6.763 dias, desde 30 de Novembro de 1948, os judeus israelenses não podiam visitar o Muro das Lamentações. Neste período, ele encontrava-se sob o domínio do Reino da Jordânia. A conquista do Muro das Lamentações em 1967, no dia 7 de junho, foi um divisor de águas na história de Israel.
A tradição dos judeus rezarem no Muro Ocidental remonta a, pelo menos, o Sec XI. Durante este período, muitas vezes os judeus foram impedidos de orar junto ao Kotel. No entanto, essa era a primeira vez que isso acontecia na história moderna.
A Santidade deste local se dá pelo fato dele ser um dos pontos mais próximos ao antigo Santo dos Santos, a área do Templo onde repousava a Arca da Aliança
Como não se podia ir ao Muro das Lamentações, a solução adotada foi rezar em outro local. Desta forma, o ponto escolhido foi o Monte Sião. Lá era o local mais próximo que qualquer judeu israelense poderia chegar do Muro. Para isso, subiam ao terraço do edifício que se encontra o Cenáculo e o Túmulo do Rei David. No entanto, no alto do prédio, os judeus também estavam vulneráveis a ataques jordanianos.
Nos armistícios assinados em 3 de abril de 49 entre Israel e Jordânia, o acesso ao Kotel aos judeus estava previsto. Contudo, ele nunca foi efetivamente liberado. Segundo o Reino Hashemita, era impossível oferecer aos visitantes a segurança adequada.
Porém, no terceiro dia da Guerra dos Seis dias, tudo mudou.
A Guerra dos Seis Dias
No dia 05 de junho de 1967, eclode a guerra dos 6 dias. Israel contra Jordânia, Egito e Síria. Conforme o nome diz, foi uma guerra rápida. Rápida também foi a conquista de Jerusalém.
Na manhã do dia 07 de junho de 1967, as tropas israelenses já controlavam toda a Cidade Velha. Motta Gur, o comandante dos paraquedistas, já havia passado a mensagem pelo rádio: “Har HaBayit be yadeinu!”. Ou seja, o Monte do Templo está em nossas mãos. A grande questão agora era como chegar ao Muro das Lamentações, local que muitos dos soldados jamais havia visitado.
Ainda na esplanada das mesquitas, desorientados e buscando um caminho ao Muro das Lamentações, os soldados avistaram um senhor árabe assustado. Mesmo com a tensão no ar e toda a dificuldade de comunicação, eles perguntaram em hebraico: “Onde é o Muro dos Judeus?”. O senhor, talvez sem entender uma palavra da frase, mas ciente do que os soldados procuravam, apontou ao lado sudeste da esplanada. Dessa forma, eles foram em direção ao Portão de Mugrabi.
Os soldados, apressados, abriram o portão. Em seguida, rapidamente desceram ladeira que existia no local. Então, finalmente, chegaram ao Kotel. Nenhum deles, na semana anterior, imaginava que estaria a frente do local em tão pouco tempo. A emoção era contagiante, inclusive entre os laicos.
Um novo símbolo para Israel
Em seguida, poucos minutos após a conquista, o Rabino Chefe das Forças de Defesa de Israel, Shlomo Goren, chegou ao local. Era um momento ímpar. Pela primeira vez em décadas o Shofar seria tocado de maneira legal. Devido a esta notícia, judeus israelenses, da diáspora e todos os seus apoiadores ao redor do mundo se emocionavam, como um povo só. Todos juntos.
Devido a essa ocasião festiva, como manda a tradição judaica, o Rabino Goren também rezou a oração Shehecheyanu.
A reza Shehecheyanu é entoada em diversos momentos, como em celebrações. Sua tradução é: Bendito és tu, Senhor; nosso Deus, Rei do Universo; que nos garante a vida e nos sustenta; e nos habilita a alcançar esta ocasião.
A partir de então, o Kotel, que era apenas um local religioso, tornou-se um símbolo de uma nação.
Assim, em poucos dias, a área ao redor do Kotel foi toda revitalizada, com a remoção do Bairro árabe Magrebino. Uma grande plaza tomou seu local, a mesma que vemos hoje. Em seguida, escavações arqueológicas também começaram a ser feitas. Com isso, áreas de grande valor bíblico e histórico tornaram-se visíveis ao público.
Porém, o mais importante é que hoje o Muro das Lamentações está aberto a todos, independente de credo ou nacionalidade, 24 horas por dia, 7 dias por semana. Logo, todos possam ter seu momento de espiritualidade e conexão divina num dos pontos mais sagrados entre nós.
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Em Israel desde 2018, é nativo do Rio de Janeiro. Guia de turismo formado, tenho formação em Biologia e Marketing. Apaixonado por Israel e pela Natureza
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